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Social e Comunitária
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Topic starter
junho 3, 2025 2:03 pm
Olá me chame Beatrice e estou atualmente trabalhando em um CRAS como técnica de referência e vivendo os desafios de tentar articular rede e mudar uma cultura assistencialista e moralista em uma cidade MUITO pequena no interior de São paulo.
Ultimamente tenho estudado as orientacoes técnicas porém me sinto isolada e sozinha na função de pensar em novas aços para tentar implementar a nível de PAIF, por isso gostaria muito que os colegas que atuam nesse serviço compartilhássem aqui as ações que têm colocado em prática pra tentar desengessar minhas perspectivas e criar um espaço para trocarmos experiência sobre esse tema.
(Torcendo pra não flopar e pra não estar fugindo do propósito do fórum)
junho 5, 2025 11:21 pm
Oi, Beatrice! Tudo bem? Finalmente arranjei tempo para aparecer por aqui hahaha
Sou técnico no CRAS desde agosto do ano passado. Acho que é muito pouco tempo para eu trazer alguma recomendação ou contribuição maior, mas posso compartilhar minhas angústias e o que tenho feito para lidar com elas.
Meu contexto é bem parecido com o seu: interior de SP, com uma cultura muito moralista e assistencialista.
Minha primeira angústia foi relacionada ao meu papel como técnico: o que diabos um psicólogo faz nessa área? Minha função é a mesma do Assistente Social? Mas como assim? Não há algo diferente? Por que, então, psicólogos são contratados?
Parte dessa angústia foi resolvida quando eu fui deixando de me ver como psicólogo e passado a me ver como um homem do suas. A minha pergunta deixou de ser "o que um psicólogo faz aqui?", e passou a ser "como a psicologia pode ser um bom recurso para meu trabalho?". A partir daí, ficou mais fácil. A psicologia tem muito potencial, principalmente quando consideramos a reprodução ideológica e representações sociais que nossos usuários carregam no seu cotidiano (há bastante oportunidade para problematizá-las em grupos de SCFV).
*recomendo um livro que me ajudou muito nessa primeira angústia: Psicologia que Sobe Morro e Desce Ladeira.
Quanto ao PAIF, ainda estou balançando um pouco, tentando pegar o jeito da navegação hahahaha. Me oriento bastante pelo PAF, sempre escrevendo ao lado dos usuários e em conjunto. Nos atendimentos em PAIF, busco sempre promover autonomia e coletivização de demandas individuais (muitos usuários culpam muito a si mesmos pela situação que estão vivendo. Quanto mais eles perceberem que seus problemas são de origem estrutural, e que muitos outros da comunidade têm os mesmos perrengues, melhor. A culpabilização pode dar lugar a uma rede de apoio e trabalho em comunidade, quem sabe?)
Meus maiores desafios atuais são: minha parceira de grupos (educadora social) é muito inflexível, e sempre discutimos muito pela diferença de objetivos (ela vê o SCFV como espaço de recreação [e essas são exatamente as palavras dela], e não um espaço de fortalecimento de vínculos, pertencimento e participação social).
Queria falar mais, mas vou dar espaço para discussão.
Obrigado por abrir esse tópico. Fiquei muito animado com essa mobilização, e já quero o grupo de estudos hahaha
junho 5, 2025 11:49 pm
Meus maiores desafios atuais são: minha parceira de grupos (educadora social) é muito inflexível, e sempre discutimos muito pela diferença de objetivos (ela vê o SCFV como espaço de recreação [e essas são exatamente as palavras dela], e não um espaço de fortalecimento de vínculos, pertencimento e participação social).
Notei que falei "meus maiores desafios" e só citei um hahaha
Eu tinha outro em mente também: é difícil fazer articulação de rede por aqui. Nós fazermos reunião de territórios e até conseguimos discutir bem com o CREAS, escolas e Conselho Tutelar, por exemplo, mas a relação entre as equipes não é boa (na verdade, elas se odeiam. A precarização no serviço tende a ser vista como falta de vontade, incompetência, etc.)
